As eleições e as nossas responsabilidades

25/09/2012 23:05

 

 “E eleição, no Brasil, é coisa séria pra gente ter alguma responsabilidade?”

 

A pergunta não pode ser considerada absurda, diante do que estamos vendo na televisão, nos chamados horários do T.R.E., uma verdadeira palhaçada de mau gosto, onde impera o ridículo, a insensatez e a subestima a inteligência dos que pensam.

Apesar disto, o assunto é sério e quero convidar as pessoas a olharem a questão de eleições no Brasil como algo que precisamos tratar com mais cuidado. Sei que escrevo para um público qualificado, que tem consciência da sua responsabilidade sobre o tema, todavia quero colocar algumas argumentações aqui porque sei que este público mantém contato, também, com pessoas de pouca racionalidade e que precisam ser sacudidas nas suas consciências.

Problemas em eleições não são privilégios do Brasil, existe em todo o mundo, inclusive em níveis muito mais graves em alguns países, todavia isto não justifica o nosso comodismo em relação às nossas características, portanto algo tem que ser feito e todos devemos fazer a nossa parte para evitar deixar continuar como está.

Quando somos convidados a eleger elementos para o parlamento ou qualquer mandato público, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, isto nos remete a apontar nomes de pessoas preparadas e competentes para o exercício da atividade parlamentar e não apenas para ocupar um espaço e fazer jus ao salário e as benesses do cargo.

A nossa legislação diz que todo brasileiro tem o direito de disputar um cargo público, todavia, já que vivemos num país onde só se fala em direitos, reduz-se a zero a exigência do cidadão ter que ter, além do direito, o dever de estar preparado e a obrigação de se preparar, antes de pleitear um espaço como candidato.

Em nome da democracia exerce-se a demagogia que sempre repete que todas as pessoas têm os mesmo direitos.. somente direitos e nada mais que direitos... dada a necessidade dos sistemas se apresentarem sempre bonzinhos para com o cidadão que vota, essa coisa chamada povo:

 

Eis o discurso:

“Possibilite ao cidadão ter todas as facilidades para ter direito à sua carteira de habilitação, porque todo brasileiro tem o direito de ter o seu carro, com liberdade de ir e vir.”  

Esta é a determinação, dentro do “politicamente correto”.

E nessa onda o cidadão vai conduzir um móvel motorizado, mas não tem obrigação nenhuma de conhecer noções elementares de Física, como Cinemática, Estática, Acústica, Atrito, Força Centrífuga... e noção de cálculo nenhum, porque, coitadinho, temos que facilitar o acesso, temos que ser bonzinho para o elemento povo.

E que se danem os outros brasileiros que certamente serão vítimas dos acidentes por conta desta irresponsabilidade, que enluta mais de 50 mil lares por ano, no país que tem os maiores e mais vergonhosos índices de mortalidade no trânsito do mundo.

Então deixe que qualquer cidadão dispute a eleição para o que quiser.

 

Ora, mas para um indivíduo exercer um mandato de vereador é fundamental que ele saiba o que faz um vereador, que tenha criatividade para desenvolver projetos, que saiba pelo menos o que seja um projeto, que tenha noção de cálculos e de finanças para saber o que pode ou não pode ser feito com os recursos públicos disponíveis, que tenha capacidade de observação nos diversos ângulos do serviço público... enfim, que o candidato comprove ser hábil, antes de ser aceito numa legenda para disputar uma vaga.

 

Pra que isto? Se o nosso país é bonzinho com o seu povo, já que tudo deve ser feito pelo povo e para o povo, pra que criar dificuldades para o povo, coitadinho?

 

E assim as coisas são feitas no Brasil. Verdadeiros imbecis são colocados na Câmara dos Deputados, em Brasília, agindo como se fossem vereadores, sem saber a diferença entre vereador e deputado federal. Por incrível que pareça, tem idiotas no Senado, usando a sua tribuna para requerer mudança de nome de rua da sua cidade, a fim de aparecer para parentes e conhecidos do seu município de origem, sem a menor noção do que seja ser um Senador da República.

Quem duvidar que assista a TV Senado.

O universo político brasileiro é uma palhaçada sem limites, é uma pouca vergonha e a expressão explícita do ridículo.

Não sei se todos os meus leitores já tiveram a curiosidade que eu já tive, várias vezes, que é a de entrar no site da Câmara dos Deputados e visitar o espaço de cada deputado, a fim de verificar os seus projetos e seus históricos na atividade.

A maioria não tem projeto nenhum e as proposições dessa maioria chega a ser ridícula.

É de morrer de rir. Você, que é mais bem informado e mais sensato, não vai acreditar nas coisas que vai ver. Vai se perguntar:

- Como é que pode o povo eleger um imbecil desse para ocupar um cargo de tamanha importância para uma Nação?

Infelizmente é uma realidade que vivemos e não vislumbramos a menor perspectiva de mudança tão cedo. O povo brasileiro ainda vai sofrer muito, pra deixar de ser besta e talvez somente os nossos bisnetos verão mudanças mais sérias.

 

As próximas eleições

 

Eu tenho assistido, todos os dias, o horário político, porque normalmente fico com a televisão ligada, aqui ao lado do meu computador, já que TV ligada não é algo que atrapalha as minhas atividades profissionais que são feitas em computador.

Aqui em São Paulo é uma vergonha o que a gente vê no horário do T.R.E., mas imagino logo: Se em São Paulo, que é a maior cidade do País, considerada a mais importante pela sua posição industrial e econômica, as coisas acontecem assim, não tem como não ser igual nas demais cidades.

Poucas, mas pouquíssimas mesmo, são as caras que aparecem no vídeo que você pode dizer que tem alguma condição de ser vereador na cidade.

Os outros são verdadeiros palhaços... desculpem o rigor, mas é a verdade... que certamente não sabem nem onde estão se metendo. Eu não estou falando no Marquito, personagem do programa do Ratinho, (que também é candidato) que profissionalmente é palhaço que faz o Brasil rir, estou falando doutro tipo de palhaçada, que é palhaçada que não tem graça nenhuma.

É evidente que o que estão de olho é nos salários e nas benesses oferecidas pela Câmara dos Vereadores de São Paulo, onde dinheiro corre solto e até um elemento que trabalha na garagem ou como ascensorista de elevador ganha uma fortuna.

Pessoas que adquiriram alguma fama, como cantor, pela televisão ou como jogador de futebol acham que, por conta disto, são preparadas para ser vereador.

Outros vestem a camisa do Corinthians e acham que vão ser eleitos pela torcida do clube. Outros se apresentam como Candidatos de Jesus, o que tem demais, o que não é particularidade de São Paulo, já que estes estão em tudo quanto é canto do Brasil. Semana passada eu vi um ter a cara de pau de dizer que o próprio Jesus apareceu para ele, cara a cara, e disse que ele que era o seu candidato para salvar São Paulo. Os outros Evangélicos não, só ele.

Tem a “Vovó da Fiel”, “Serginho do BBB”, “Diney do Corinthians”, “Vadão e o Jegue dente de ouro”, “Mulher Pêra”, “O homem da moto”, “Seu Madruga”, “Abraão do Queijo”, “Sonrisal”, “Dr Farhat Advogado do Ratinho”, “Lixeiro”, “Fumaça”, “Vira Lata” e muitos nomes os mais absurdos possíveis. Tem tanto bispo, que dá pra fazer um concílio.

Tem uma prostituta que faz questão de se apresentar como tal, vestida como tal e deixando bem clara a sua posição. Eu não sou contra as prostitutas, com certeza, mesmo porque os filhos delas já estão na política há muito tempo e elas têm menos dignidade do que eles. Posso garantir que a participação dela está acima da maioria dos que se apresentam por aqui.

Muitos têm a cara de pau de garantir que vão resolver todos os problemas da vida do “trabalhador”. É impressionante como se usa a palavra “trabalhador”, em política.

Você conhece alguém que não seja trabalhador? Por mais vagabundo que seja, alguém faz algum trabalho. Alguém que faz a comida e varre a nossa casa trabalha, empresário trabalha, padre trabalha, rico trabalha, todo mundo trabalha.

Dizer em política que vai lutar pelo “trabalhador” é a mesma coisa que dizer que vai lutar pelas pessoas que tem dedos e braços. É o óbvio.

 

Orientemos as pessoas que estão perto de nós

 

Sejam parentes, amigos, vizinhos, conhecidos, empregados e isso que chamam de “povão” em geral, porque, com certeza esses sempre são alvos fáceis para os arautos da demagogia, da hipocrisia e da esperteza sem vergonha.

 

Determinados irracionais religiosos, por exemplo, costumam conduzir os seus adeptos numa luta contra uns tais “inimigos de Jesus” ou “inimigos do Evangelho”, como se aqui no Brasil existisse essas tais criaturas. É mentira, em nosso País não existe inimigos de Jesus e nem do Evangelho, salvo um ou outro maluco que existe num ou noutro lugar, geralmente figura que nem fede nem cheira e ninguém dá a menor bola.

O Brasil inteiro tem amor por Jesus, o que existe na realidade são formas diferentes de concebê-lo, uns acham que ele é Deus, outros, apesar de amá-lo intensamente, consideram que não é e por aí vai, sem diminuir a consideração, o respeito, o amor e o carinho que todos devemos ter por ele.

O mesmo existe na política, quando alguns conclamam os tais “pobres” a lutarem contra uma tal “burguesia”, a qual rotulam como “elites”, mas nunca identificam, claramente, quem são essas tais elites.

Seriam os mais ricos? Se for, vale lembrar que nunca os banqueiros ganharam tanto dinheiro no Brasil, com respaldo do governo, como nos últimos anos.

Aí o pobre começa a achar que sempre tem aquele eterno inimigo, responsável pelo fato dele ser pobre, não procura se melhorar nunca, sempre na esperança de que o candidato “salvador da Pátria” vai resolver todos os seus problemas, sem perceber o nível de pilantragem que existe por trás.

De fato existem ricos canalhas, fazendeiros que exploram os empregados, empresários picaretas e muito safado do tipo que quanto mais tem mais quer, ninguém tem dúvida disto. Mas daí a entrar nesse jogo ridículo de fazer entender que todo rico necessariamente é “elite”, “burguesia”, vilão e bandido explorador dos mais pobres só pode ser subestima a inteligência alheia.

Existem inúmeros ricos maravilhosos, caridosos, dedicados aos mais necessitados e que ajudam a um monte de gente a crescer na vida, muito mais que os governantes. Em todo o Brasil eles existem.

Não estou aqui para defender rico nenhum, apenas quero dizer aquilo que toda pessoa sensata sabe: Ser bandido ou ser digno independe do nível sócio econômico da pessoa, está no caráter. Do mesmo jeito que existe rico bandido, existe também pobre bandido.

Vamos analisar a nossa política, então.

 

Os partidos e as coligações

 

Partido só se interessa pelas suas conveniências. É bobagem, ingenuidade e até burrice acreditar que algum deles está preocupado com os interesses públicos.

Coligações partidárias. Você já procurou analisar bem o que existe por trás disto?

Jogadas de interesses apenas. Partido nenhum se coliga a outro sem querer nada em troca. Quando vários se unem para apoiar um candidato de um deles, geralmente o maior...

- Não se preocupe, se nosso candidato for eleito vocês terão umas duas ou três Secretarias (ou Ministérios, se em nível Federal). Nem que tenhamos que criar novos, para vocês fazerem os seus cabides de empregos.

- Dê a relação dos empresários ou poderosos ligados a vocês, que estão em encrenca, pra gente livrar a barra e perdoar as suas dívidas.

É sempre assim.

 

Quanto mais ostensiva e poderosa a campanha do candidato, mais picaretagem estará ali envolvida e mais comprometimento existe.

Dinheiro não cai dos céus e, se existe para bancar uma mega campanha política, é porque algum grupo muito poderoso disponibiliza. E se disponibiliza é porque, COM CERTEZA, vai querer alguma coisa em troca, coisa essa que vale muito mais.

Um empresário que disponibiliza, por exemplo, 100 mil reais para uma campanha política, com certeza está devendo mais de um milhão para os cofres públicos e alguém, depois, vai dar um jeito para aquela dívida sair dos computadores e ninguém cobrará mais nada dele.

É exatamente isto que acontece no Brasil em todas as eleições e agora não será diferente.

 

Vamos boicotar as mega campanhas,

não votando nos seus candidatos

Será o começo de uma grande reviravolta

 

Orientemos aos mais pobres para que façam o seguinte:

 

Se algum candidato lhes oferecer alguma coisa, seja o que for, em troca de votos, que aceite e diga que garante que vai votar nele, até jure botando as mãos para os céus.

Mas não vote no sem vergonha, pra deixar de ser besta.

Não se preocupe com o fato de ter posto as mãos para os céus, porque Deus não cobra jura e promessa de ninguém, ainda mais se for para apoiar safadeza.

 

Que a população filme a casa onde hoje mora o candidato, filme o carro que ele tem hoje, se é que tem, filme o colégio onde os seus filhos estudam e documente o máximo possível o padrão de vida que ele tem hoje.

Que façam diversas cópias em DVDs e que mandem para toda a comunidade onde ele mais atua e mandem também uma carta para ele, assinada por todo mundo, deixando bem claro a frase: “Vamos ficar de olho”.

E que exijam uma espécie de prestação de contas a cada ano, ou seja, que ele deixe disponível, para que todos vejam, o estado em que está a casa onde ele vive com a família permitindo transparência total sobre os seus bens.

Detalhe: Fiquem de olho nas esposas, pois existe muita perua por aí, esnobando dinheiro à custa da posição do marido.

 

As promessas enganosas

 

Todo brasileiro conhece a costumeira mania que os políticos têm em prometer, nas campanhas, no entanto a maioria dessa coisa que se chama povo continua indo na onda das promessas e eles, que sabem que o povo é besta, continuam a prometer do mesmo jeito.

Vamos ver apenas um exemplo daqui de São Paulo.

 

Bilhete único de graça NO MÊS

 

Bilhete único para duas horas, quando o cidadão pode entrar e sair em vários ônibus, metrôs e trens, isto é coisa que existe e é viável. Eu já vi isto em Nova York, em 1994 e achei interessante. Copiaram, felizmente, a idéia para São Paulo e funcionou.

Agora a demagogia política está prometendo bilhete único para o mês inteiro!

Imagine uma cidade com 10 milhões de habitantes usando transporte todo dia, pagando apenas uma vez por mês.

Quem bancará com os custos das empresas de ônibus em combustível, manutenção dos veículos, garagem, pneus, óleo, desgaste, consertos e folha de pagamento dos seus empregados que cada vez mais estão fazendo greves em busca de aumentos, cujos encargos sociais são elevadíssimos?

E o consumo elevadíssimo de energia elétrica dos metrôs?

O dinheiro vai sair dos cofres da Prefeitura?

  

Praia, igual a Copacabana, para Belo Horizonte

 

Consta que, certa ocasião, um candidato prometeu que se fosse eleito levaria a praia, igual a Copacabana, para Belo Horizonte, com o mar e tudo.

É mole?

E teve muito mineiro que votou nele.

 

É o ridículo, subestimando a inteligência das pessoas

 

Peço aos jornalistas que participam dos debates na televisão, em nível de sugestão, que sejam duros e enérgicos diante destas demagogias e mentiras e perguntem:

Se for um candidato do PSDB, por exemplo:

- Já que o seu partido é unido, em nível nacional, e você vê viabilidade e facilidade de implantar essa sua promessa aqui em nossa cidade, caso seja eleito, por que os demais prefeitos do seu partido não implantaram a mesma coisa nas suas cidades nos diversos estados?

O candidato do PT, em São Paulo, disse que vai implantar as suas promessas em São Paulo, com ajuda de São Lula e da Presidente Dilma. Aí vamos perguntá-lo:

- Se a idéia é tão viável assim e se vai ter apoio da Presidenta da República, conforme ela mesma está endossando as suas propostas, por que os inúmeros outros prefeitos do PT não implantaram a mesma coisa nas cidades onde governam, em todo o país, já que tem também o mesmo apoio da mesma Presidenta, que endossa a idéia?

Tem muita gente besta neste país e muita gente que adora fazer os outros de bestas.

Um outro maluco promete tirar o aeroporto de Congonhas do local onde está, em São Paulo.

Vai botar onde? No quintal da sua casa?

Quem vive em São Paulo sabe que não tem lugar para construir outro aeroporto na cidade e que é impossível a cidade viver hoje sem o aeroporto de Congonhas.

 

Concluindo

 

Se quisermos mesmo mudanças em nosso país, temos que nós, POVO, tomarmos a providências para isto. Só conseguirmos isto que começarmos a pensar melhor, desvinculando-nos totalmente da doença partidária.

Tem gente que é doente por partido, endeusa o seu partido e fica cego diante das canalhices que o partido faz, mesmo com os escândalos escancarados para o Brasil inteiro ver.

Uma verdadeira esperança surge no Brasil, quando estamos aí a ver o Ministro Joaquim Barbosa e o segmento honrado do STF condenarem políticos ladrões do PT, PMDB, PTB, etc... quando todo o Brasil está na expectativa de vê-los na cadeia e que não inventem a tal a “prisão domiciliar”.

Vamos fazer a nossa parte, gente.  

 

Abração.

 

        Alamar Régis Carvalho

Analista de sistemas, escritor e ANTARES Dinastia

              alamarregis@redevisao.net

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